THE ROCHYES - O Pais dos Ursos

Ao chegar nas Montanhas Rochosas, uma das primeiras informações sobre o local foi: "Você nunca estara longe de um urso". Varias trilhas estavam interditadas ao público devido à presença de ursos: quem se aventurava nesses passeios sem tomar precauções, era passível de multas de 25.000 €.
As recomendações eram:
- Para uma caminhada: estar em pelo menos 4 pessoas, ter um spray de pimenta (spray anti-urso) e fazer barulho durante toda a caminhada (alguns tinham sinos para vacas).
- Alimento no acampamento: deviam estar pelo menos 50 metros da barraca, a 4m do solo e a 1,3 m do tronco da árvore.

- Não usar produtos perfumados
- Não deixar comida no carro para evitar que os ursos arranhassem a lataria.

Com todas essas exigências, não demorou muito para a gente escolher os albergues ao invés de campings. Seria uma vergonha sermos atacados pelo nosso anfitrião nos primeiros dias de viagem volta do mundo.

Apesar da excitação, durante os 3 primeiros dias nas Rochyes não vimos sequer um urso. Olhavamos por toda parte durante o dia inteiro, visitando os lagos e parques. Vimos cervos, alces, carneiros selvagens, coiotes, esquilos vermelhos, esquilos colombianos ....mas nada de urso. O engraçado era que todos tentavam evita-los a todo custo, e nos, procurando...
Até que, na ânsia de ver o dito cujo, mudamos de estratégia. De acordo com informações de outros viajantes, os animais saem das tocas especialmente ao amanhecer e ao anoitecer. Nós escolhemos para nossa primeira expedição, o anoitecer (e de carro, é logico)!

Dito e feito... na saida da cidade, de uma maneira inesperada, não foi um javali, mas sim um urso que atravessou a estrada logo ali, na frente do carro (apenas o tempo suficiente para tirar algumas fotos tremidas). E nós ganhamos a noite. Finalmente, eles existiam! Não somente existiam, mas eram lindos, grandes, gordos, e o pior, eles não pareciam malvados (pelo menos de dentro do carro). O urso estava apenas a poucos metros do centro da cidade!

Naquela noite, nós sonhamos com os ursos.
No dia seguinte, satisfeitos com o sucesso do dia anterior sairmos novamente em safari. Passando em uma clareira, haviam vários carros parados (indicação de que havia um animal por ali). Novamente um belo urso preto que se dirigia de arbusto em arbusto a comer suas frutinhas favoritas.

Alimentação dos ursos:

Na verdade, os ursos têm apenas um objetivo em mente: se alimentar, e às vezes, dia e noite. Eles comem (sem brincadeira) 250 mil frutinhas por dia (35 mil calorias). Isso serve para poder passar os agressivos invernos canadenses.
Para sobreviver, o urso precisa de um ecossistema intacto. É por isso que, no Canadá, tudo é implementado de modo a que eles não sejam perturbados por seres humanos. O homem vai para a segunda posição. Se houver um acidente entre um humano e um urso, eles enfatizam a perda para o ecossistema (pois um urso que ataca um humano é morto), e não o perigo para o humano.

A mensagem era clara: Devemos evitar todo o contato com o urso. No mundo de hoje, é engraçado se sentir em segunda posição. Nas Rochyes, nos estávamos no país dos ursos (e dos alces, renas, etc) e eramos nós, homens, os estrangeiros. As mensagens para entendermos isso estava em toda parte.

Um primeiro desafio para nos colocar em nosso lugar face à natureza. Nos adoramos.

A sensação de ver animais selvagens em seu habitat natural é extraordinaria, a gente volta a ser criança, a curiosidade se intensifica, o mundo moderno perde um pouco o seu sentido.